Pelo Estado Entrevista: Carlos Alberto Kita Xavier 59m4y
“Temos que valorizar a Engenharia catarinense” m5v70
Formado em Engenharia Civil (UFSC/1993) e com especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho (UFSC/1997), atua desde 1994 como Responsável Técnico na elaboração e execução de Projetos de Empreendimentos Comerciais e Residenciais Multifamiliares na Grande Florianópolis. Coordena o Sistema de Qualidade (ISO 9001 e PBQP-H, nível A) e Gerencia o Serviço Especializado de Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SEESMET). Já foi presidente, por dois mandatos, da Associação Catarinense de Engenharia de Segurança do Trabalho (Acest), bem como primeiro vice-presidente e diretor da Região Sul da Associação Nacional de Engenharia de Segurança do Trabalho (Anest). Em 2012, assumiu a presidência do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA-SC), mandato que vai até 2014. Em entrevista exclusiva à reportagem da ADI-SC/Central de Diários/CNR-SC, Xavier fala sobre o déficit de profissionais na área, fiscalização e os desafios que tem pela frente 6i5j
[PeloEstado] – O Confea * estima um déficit de 20 mil engenheiros/ano no país. Qual a situação de Santa Catarina?
Carlos Xavier – Não temos o número exato do déficit no estado, mas com certeza ele existe. O CREA-SC tem hoje cerca de 49 mil profissionais registrados nas diversas titulações e também 12.400 empresas registradas. Santa Catarina tem em torno de 50 escolas de engenharia, com aproximadamente 20 mil estudantes. São cerca de 4 mil formandos ao ano, enquanto só a construção civil ite, por semestre, cerca de 58 mil profissionais, contratando em um mês aproximadamente 6 mil trabalhadores, entre todos os da cadeia da produção, incluindo os engenheiros, que são a maioria. A demanda elevada versuso alto índice de engenheiros desviados de sua função e baixo número de formandos resulta neste déficit. As engenharias civil e elétrica lideram o ranking da falta de profissionais no país. No estado, faltam mais profissionais da engenharia consultiva. (*Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia)
[PE] – Como o CREA-SC atua em relação às grandes questões das cidades, como mobilidade urbana?
CX – Atuamos em todas as grandes questões sociais que envolvem o trabalho dos profissionais da área tecnológica, como a Mobilidade Urbana, propondo em documentos soluções para a melhoria da mobilidade nas cidades catarinenses, apoiando projetos na área e esclarecendo aos profissionais registrados a importância de sua interação neste assunto. No início de julho, o CREA-SC integrou uma comissão que participou da 6ª edição da Missão Técnica e Empresarial Europa 2012, Alemanha & Áustria, que finalizou com o World Congress – City For. O tema foi “Ruas Seguras como Estratégia de Cidades Sustentáveis”. Também temos comissões especiais, como a de Meio Ambiente e a de ibilidade. No mês de agosto, esta comissão vai realizar uma palestra sobre as normas e legislação de ibilidade, promovendo a reflexão sobre o compromisso dos profissionais com a promoção de ibilidade, seja no meio urbano ou rural, edificações públicas e de uso coletivo, ou nos meios de transportes.
[PE] – Um dos obstáculos para novas construções é a demora na liberação das licenças ambientais. O que o Conselho faz sobre isso?
CX- O CREA-SC não tem responsabilidades e tampouco amparo legal para atuar no processo de licenciamento ambiental, então não pode interferir na liberação destas licenças. O que o Conselho realiza é a fiscalização das atividades necessárias para a obtenção dos licenciamentos ambientais, verificando a existência de profissionais responsáveis e das Anotações de Responsabilidade Técnica (ARTs). Há também um convênio de cooperação técnica entre o CREA-SC e a Fatma para aprimoramento da fiscalização da legislação ambiental. O objetivo é a reciprocidade de informações sobre as atividades, empresas e profissionais da área de meio ambiente, bem como a formalização da intenção dos dois órgãos em colaborarem, dentro de suas atribuições, na fiscalização do exercício profissional pertinente à legislação ambiental. Pelo convênio, este ano já realizamos Seminários de Fiscalização em Lages e Blumenau, e estão previstos outros dois em Criciúma e Chapecó. As duas instituições também atuam, de forma integrada, em ações de fiscalização na área de agronomia, coibindo o uso indiscriminado de agrotóxicos.
[PE] – Em relação aos serviços da fiscalização, o que está sendo priorizado?
CX – Hoje este serviço prestado pelo CREA-SC é considerado padrão de excelência no sistema em todo o país. O Conselho é chamado constantemente a dar sua opinião a respeito de diversos assuntos relacionados à fiscalização de obras e serviços em Santa Catarina, que envolvam o trabalho dos profissionais da área tecnológica, seja através da imprensa ou de diversos outros órgãos e instituições. Portanto, nossa missão é avançar ainda mais, intensificando a atuação em cada região do estado e reforçando o trabalho de fiscalização, tanto em edificações públicas como privadas. E vamos também aprimorar o Projeto de Fiscalização Avançada, introduzindo ferramentas que permitam conferir maior agilidade ao processo, priorizando seu caráter de orientação e de educação.
[PE] – Seis meses de gestão. Quais os desafios que o senhor tem à frente do CREA-SC?
CX – Com certeza será ampliar os avanços já alcançados. Estamos replanejando a atuação do CREA-SC e implantando mudanças em nível gerencial. Vamos modernizar ainda mais as inspetorias, expandir o Programa de Educação Continuada, oferecendo pós-graduações em parceria com entidades de classe e instituições de ensino, solidificar o CREA Júnior e efetivar a metodologia do Planejamento Estratégico, com melhorias contínuas de gestão, disponibilizando-as também para o Colégio de Entidades de Classe. Outro grande desafio é manter o padrão de atendimento, dinamizando muito mais este serviço com a informatização, a fim de minimizar a produção de documentos físicos e reduzir os tempos de resposta ao usuário.
[PE] – Há ações para a valorização profissional?
CX – A valorização da área tecnológica catarinense é uma de nossas prioridades, através de diversos projetos, como a fiscalização de obras públicas e a ocupação de cargos técnicos por profissionais legalmente habilitados, além do cumprimento do salário mínimo profissional, principalmente nos acordos coletivos celebrados pelos sindicatos representantes das categorias presentes no CREA-SC. Vamos enaltecer todas as profissões ligadas ao Conselho através de canais de comunicação, com objetivo de esclarecer e conscientizar a sociedade sobre a necessidade e a importância de se contratar profissionais registrados para a realização dos serviços. Temos que valorizar a Engenharia catarinense, como instrumento de referência para a afirmação de autoridade técnica dos profissionais. Numa era em que o desenvolvimento sustentável é cobrado todo o tempo, precisamos valorizar a atuação de nossos profissionais, que estão envolvidos nesta missão da “sustentabilidade ambiental” em cada serviço ou projeto realizado.
[PE] – Fale sobre o Programa de Educação Continuada? Qual o público? Qual o objetivo?
CX – O PEC é o maior projeto de capacitação do CREA-SC, tanto em número de cursos quanto em valores financeiros, e aplica em até 10% da receita líquida anual do Conselho em atualização e aperfeiçoamento técnico-profissional dos integrantes do sistema, sempre em parceria com as entidades de classe e instituições de ensino. São realizados cursos, treinamentos, seminários, encontros, simpósios e diversos outros eventos em todo o estado, e isso aproxima o Conselho dos profissionais. Para este ano, estão previstos 272 eventos, somando 3.464 horas de capacitação profissional, com a possibilidade de participação de mais de 10.500 profissionais. (A relação dos eventos está no site www.crea-sc.org.br)
[PE] – Como o CREA-SC busca a aproximação com as empresas?
CX – Um de nossos principais objetivos é estreitar as relações institucionais com as empresas e instituições de ensino, que transformam Santa Catarina neste grande polo tecnológico. Pretendemos organizar um fórum e criar um grupo de trabalho onde os empresários poderão vivenciar o CREA-SC mais de perto, participar das decisões, como um órgão consultivo. Creio que este será um dos grandes desafios da gestão: aproximar mais o Conselho das empresas, discutindo as necessidades existentes no estado.
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